quarta-feira, 14 de maio de 2008

Marina Silva deixa o Ministério do Meio Ambiente





Desde janeiro de 2003 como ministra do Meio Ambiente, Marina Silva entregou ontem (13/05) o seu pedido de demissão, em caráter irrevogável. De acordo com a ministra, os motivos seriam as dificuldades que ela vem enfrentando há algum tempo para dar prosseguimento à agenda ambiental. “Perco o pescoço, mas não perco o juízo” – palavras da ministra.
O estopim teria sido o fato do presidente Lula autorizar o ministro extraordinário para Assuntos Estratégicos, Mangabeira Unger, a ser coordenador do Conselho Gestor do Plano Amazônia Sustentável (PAS). Mangabeira é conhecido pela proposta de transposição de rios da Amazônia para o Nordeste. Como coordenador do PAS, ele não precisaria da autorização do Ministério do Meio Ambiente para realizar ações na Amazônia.
Marina Silva se desentendeu também com a Casa Civil devido à pressão do Programa de Aceleramento do Crescimento (PAC) na Amazônia, que objetiva inúmeras obras com grandes impactos ambientais. O PAC pressionava o Ministério do Meio Ambiente a liberar obras como a usina hidrelétrica do Rio Madeira, em Rondônia. Marina também entrou em conflito com o Ministério da Agricultura, o acusando de ser o responsável pela volta das derrubadas na Amazônia.
A ministra disse: “Não acho que para plantar grãos seja necessário derrubar florestas”. Com esta atitude, a ministra comprou briga com ruralistas. No post abaixo (Etanol: bom ou mau?), é colocada a questão sobre a quantidade de terras mal aproveitadas que o Brasil tem, mostrando que não falta terra para produção de alimentos.
O presidente Lula teria recebido a carta de demissão após saber pela TV e internet e teria demonstrado surpresa e irritação.
No início do ano, Marina Silva foi homenageada pelo jornal inglês The Guardian (ver post Curiosidade – o Brasil por aí, do mês de abril) como uma das 50 personalidades que podem salvar o mundo.
No post também de abril, Amazônia – Fique por dentro, um panorama geral do que a ministra conseguiu realizar na Amazônia, mesmo com todas as dificuldades.
Estão cotados para substituí-la o secretário de Meio Ambiente do Rio de Janeiro Carlos Minc e Jorge Viana, ex-governador do Acre.
Uma mulher com uma grande história e que fez tudo possível contra o desmatamento na Amazônia renuncia ao cargo. Para o Brasil, uma grande perda, uma triste saída.


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