quarta-feira, 30 de abril de 2008

Três vegetações entre a serra e o mar


Foi debaixo de muita chuva que o grupo de pós-graduação em Meio Ambiente da Coppe/Ufrj realizou, hoje (30/04) de manhã, uma visita técnica ao Parque Estadual da Pedra Branca, na cidade do Rio de Janeiro (RJ). Na caminhada antes de chegar ao parque, foi possível perceber uma intensa ocupação desordenada do homem, com moradias construídas no meio da vegetação, provocando impactos e dando início a um processo de favelização.
O Parque Estadual da Pedra Branca é uma unidade de conservação com cerca de 12.500 hectares de área coberta por vegetação típica da Mata Atlântica, como cedros, jacarandás, jequitibás e ipês, além de uma variada fauna, composta por jaguatiricas, preguiças-de-coleira, tamanduás-mirins, pacas, tatus e cotias. O maciço circunda os bairros de Guaratiba, Bangu, Realengo, Jacarepaguá, Barra da Tijuca, Recreio dos Bandeirantes, Grumari e Campo Grande.
Com uma área de muito verde que forma um vale, é na reserva ambiental onde está localizado o ponto mais alto do município, o Pico da Pedra Branca, com 1.025 metros de altitude. Além do variado patrimônio natural, o parque possui construções de interesse cultural, como um antigo aqueduto, represas e ruínas de sedes de antigas fazendas.
O Parque é caracterizado também por vertentes rochosas, que dificultam a penetração da água da chuva. Isso faz com que o escoamento seja intenso, gerando um processo erosivo.
O maciço da Pedra Branca possui uma importante rede hidrográfica que contribui para o abastecimento de água da região ao seu redor, destacando-se as represas do Pau da Fome e do Camorim (século XIX), para capacitação de água da chuva (segunda foto). Há também a cachoeira do Camorim.
Dando continuidade ao trabalho de campo, saindo do maciço ocorreu uma parada na Avenida Ayrton Senna para observar o brejo. A Barra da Tijuca e Recreio são áreas com muita vegetação deste tipo, mas que com a grande especulação imobiliária, está acontecendo um processo de degradação por meio da formação de aterros. No brejo, o índice de umidade é alto e habitam principalmente répteis, insetos e peixes (em uma lagoa embaixo da vegetação).
A última parada foi na restinga da reserva do Recreio (foto mais acima).Algumas plantas da vegetação de restinga tem adaptações para lidar com uma alta carga de sal vinda da maré. Glândulas especializadas nas folhas excretam sal. As bromélias ali localizadas não são focos de mosquito da dengue porque o ecossistema se encarrega de eliminá-los com predadores como sapos e pererecas.
Vale visitar o Maciço da Pedra Branca, o brejo e a restinga! Três tipos de vegetação quase no mesmo local, entre a montanha e o mar. É assim o Rio de Janeiro. Só falta preservar! E isto é uma ação de todos nós.

2 comentários:

Gilberto Diniz Junqueira disse...

Econtrei citação a uma localidade denominada Pedra Branca em uma carta dirigida à corte no Rio de Janeiro em 1819.
Esta carta dá uma noção dos trabalhos realizados em uma fazenda pertencente à corôa em Cachoeira do Campo, próximo a Ouro preto.
Será que a citada Pedra Branca tem relação com as antigas fazendas localizadas no parque estadual da Predras Branca?

“Segundo as ordens de V.Excelência fui a Cachoeira ver o Estabelecimento das Coudelarias, e dei algumas providencias que julguei nescessárias.
Mandei fazer um curral de varas fora do pátio do Quartel por causa da grande desinquietação do Cavalo escuro (preto em Portugal) quando sente as éguas na vizinhança, e como esta providência deva ser logo executada, para que cesse esta desenquietação, que poderá causar algum agoamento ao sobre dito cavalo, mandei que toda a gente ocupada nas valas fosse empregada estes dias nesta obra.

Achei quase acabado os Pilares do Vai Vem, e ensinei ao carpinteiro o modo porque o deve por. A água ainda chegou ao chafariz, por ser pouca, e as terras ainda a embebem.

Quando se retiraram os Destacamentos da Cachoeira, existiam vários arreios, como são cabrestos, laços, lombilhos que conforme me consta, foram entregues ao almoxarife, e como sejam necessários ali V. Excelência queira dignar mandá-los entregar ao Administrador.

Achei muito inferiores as quatro éguas que vieram da Pedra Branca, e por isso não as marquei, parecendo-me mais acertado mandá-las outra vez entregar a seu dono e escolher outras, para o que falei a um irmão do Administrador Manuel Neves Murta, para que se incumba de levar estas e escolher outras quatro em seu lugar, com mais vinte para completar o número de cinquenta, pois que naquela vizinhança há grandes manadas de éguas de boa raça, sendo para isto acompanhado de um dos vaqueiros e do soldado do Regimento de Linha João Mendes Barreto. Para a execução desta diligência V. Excelência se dignará passar uma portaria ao acima nominado Murta, para que ele escolha nas Fazendas daquele lugar as melhores éguas que seja possivel, sem que os donos as neguem, devendo estes abrir o preço e receber o dinheiro nesta Vila.

Como para esta diligência não se possam dispensar os animais do custeio, V. Excelência se dignará dar faculdade ao administrador, de alugar três animais para este fim, que se acharão na Cachoeira a 225 $ por dia.
É o que tenho a honra de representar a V. Excelência a quem Deus guarde por muitos anos.

Vila Rica 22 de Outubro de 1819
lImo e Exmo Snr. D. Manuel de Portugal e Castro
subdito muito obediente

J. Augusto Conceição disse...

Caro amigo Gilberto, a fazenda da Coroa portuguesa que você menciona pertence hoje ao Salesianos, que até o ano passado (2008) mantivem uma escola de ensino fundamental. Esta fazenda foi Quartel da Cavalaria da tropa paga em seguida coudelaria. Sobre a citação de Pedra Branca é comum aqui em Cachoeira do Campo, lugares com a denominação "Pedra de Amolar, "Pedra Preta" etc. Acredito que essa denominação "Pedra branca" é uma variação antigo de Santo Antônio da Casa Branca, Atual Glaura.
Abraços.
abraços