sexta-feira, 25 de abril de 2008

Água: corrida para sobrevivência

A Organização das Nações Unidas (ONU) divulgou um relatório informando que 2,7 bilhões de pessoas (45% da população mundial) não vão ter água no ano de 2025. O bem essencial à vida é finito e necessita de uma atenção urgente: o consumo consciente se faz fundamental.
O Brasil tem cerca de 12% do total das reservas de água doce do planeta e possui elevados índices pluviométricos. Como explicar, portanto, os milhares de brasileiros que sofrem com a falta deste recurso? Podemos apontar como possíveis respostas: o rápido crescimento populacional, acompanhado de um crescimento desordenado das cidades, sem investimento ou planejamento da rede, uma má distribuição da água, o problema do mau gerenciamento dos recursos hídricos e o imenso desperdício.
Com todo este quadro, podem surgir conflitos gerados pela disputa da água em todo o mundo, como ocorrem entre Índia e Bangladesh (rio Ganges), que utilizam a água principalmente para irrigação e abastecimento populacional e entre Israel e Jordânia (rio Jordão), que são regiões áridas.
No seminário “Diálogos Capitais”, promovido no início do mês de abril pela revista Carta Capital na cidade do Rio de Janeiro (RJ), David Zee, engenheiro civil e oceanógrafo reconhecido por sua luta na área de meio ambiente do Rio, afirmou:
- “A Terra tem mais de 6 bilhões de habitantes. Não vai ter água para todo mundo. Será uma verdadeira guerra. Com a enorme concentração da população do Rio de Janeiro na zona costeira, não há Guandu que agüente. São toneladas de produtos químicos lançados e 20% da água que bebemos são provenientes de esgoto”.
No Brasil, alguns especialistas alegam que paga-se muito pouco pelo uso da água. Para muitos, uma das soluções para diminuir o desperdício seria aumentar o valor da cobrança. O que pesa no bolso tem muita chance de gerar reflexo nas atitudes, promovendo um consumo consciente. Tomar banhos menos demorados e não deixar que lavem carros e calçadas com água potável são duas pequenas ações do cotidiano que podem contribuir muito para a conservação da água.
Para piorar a situação de miséria, a crise da água tem maior reflexo nas regiões mais pobres do mundo, onde a população depende da agricultura para sobreviver. Não tendo nenhum acesso ou somente a águas poluídas, muitas pessoas ficam doentes ou morrem pela ingestão de água contaminada. Em regiões do Brasil, existe água para a agricultura de exportação, mas não para a população local.
No mesmo seminário, o presidente do Instituto Brasil PNUMA (Comitê Brasileiro do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) Haroldo Mattos de Lemos disse:
- “O uso de água no mundo consiste em: 70% na irrigação, 10% doméstico e 20% industrial. O maior desperdício ocorre na irrigação. O Brasil adota técnicas antiquadas, que gastam muita água e irrigam uma área pequena, não atingindo toda a plantação. A técnica de gotejamento nas raízes das plantas é muito utilizada em Israel, uma região árida e aproveita muito bem o recurso”.
Segundo ele, cerca de 3 milhões de crianças morrem por doenças causadas por águas contaminadas todos os anos e até o ano 2000, mais de 1,1 bilhão de pessoas não tinham acesso adequado à água. Haroldo conta ainda que, no Brasil, 45% da população total não têm acesso à água tratada e 96 milhões não possuem esgotamento sanitário.
Como resposta a uma pergunta sobre a solução mais viável para resolver o problema da escassez de água no Brasil, ele diz que a dessalinização ainda é inviável devido aos altos custos e porque só atenderia a cidades litorâneas ou próximas do litoral. Para ele, a melhor saída é investir na construção de cisternas, que aproveitam a água das chuvas, são viáveis economicamente e resolvem o problema da falta de água, além de evitarem inundações. Ele afirma que no Nordeste já foram construídas mais de 20 mil cisternas e conclui:
- “A água deverá desempenhar neste século um papel semelhante ao petróleo no século XX”.

5 comentários:

Rodrigo Novaes de Almeida disse...

Muito boa sua iniciativa, gostei bastante. Sou aluno do PC. Tenho um artigo que publiquei no Observatório da Imprensa no ano passado sobre o dia mundial da água, fazendo crítica à mídia, de como ela costuma tratar essas datas que, atualmente, são de extrema importância. Se quizer dar uma lida, está no meu blogue. Se gostar e quiser publicar, fique à vontade. O link é http://rodrigonovaesdealmeida.blogspot.com/2008/04/artigos-no-stio-observatrio-da-imprensa.html

Um grande abraço e parabéns!

Rodrigo Novaes de Almeida disse...

Releva o "quiser" com z, erro grotesco, devia ter relido rsrsrs

Abç

Rodrigo Novaes de Almeida disse...

Tranqüilo Ana. No que precisar, pode contar comigo. Abç.

Unknown disse...

No Brasil, paga-se muito pouco pelo uso da água. Uma das soluções para diminuir o desperdício seria aumentar o valor da cobrança. O que pesa no bolso tem muita chance de gerar reflexo nas atitudes, promovendo um consumo consciente.

Não concordo que o valor cobrado pelo consumo da água aumente. Existe muitas regiões onde existe ligações clandestinas. Essa população não paga e muitas vezes despediça. O trabalho que deve ser feito é de conscientização. Se o povo for educado saberá utilizar a água adequadamente.

** aNa ** disse...

Alê, show de bola! Obrigada pelo comentário. O blog, apesar de ser uma pequena iniciativa, já está atingindo seus objetivos de gerar debate, informar e conscientizar. Valeu pela participação. Você é uma bióloga nota mil! ABS, Ana.